sexta-feira, dezembro 29, 2006

Contradição...

Morro a cada fotografia que vejo. Morro de saudades. De já não saber lidar com esta falta que me fazes. Invade-me uma força avassaladora, sinto-me capaz de destruir tudo o que nos separa. E volto a olhar-te, e sinto-me sem forças, sem identidade, sem alma. E a cada vez que olho para ti, a cada vez que falo contigo, me pergunto como é que me enfraqueceste assim. Como é que tomaste conta de mim com tanto cuidado, que agora nem sei quem sou. E como é que me encheste de poder, de vontade, de pensamentos tão bons. E sim, meu amor, sei que nada disto faz sentido, sei que me contradigo. Mas não há contradição maior na vida que lutar tanto para te ter, e estares tão longe. E ainda assim, és tu que me salvas amor!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Lamento...

Acordo feliz. Estou mimada, com a possibilidade de falar contigo a qualquer momento. A saudade ainda vive, forte, companheira de há muito tempo. Estou profundamente convencida que hoje oiço a tua voz, que hoje te vejo. E não posso. E não consigo. E lamento, e espero que tu saibas isso. O corpo já não quer descansar, como o desespero. E não é estranho, de todos os vicios que tenho és o único que me recuso a deixar. Sinto o frio que tu saberias como fazer desaparecer. Sinto falta de alguma coisa (não sei de quê) mas que tu sempre soubeste. Sinto a falta de me leres os pensamentos amor. De estar cansada e nem precisar dizer. De adormecer sem medo de nada. Posso simplificar: toda a minha vida senti a tua falta, toda a minha vida tive saudades tuas, ainda antes de te conhecer. E vejo-te, meu amor, tão cansado, tão desiludido, e quero ser o teu porto de abrigo, quero fazer por ti o que fazes por mim, quero proteger-te. Quero tapar-te os olhos com beijos silenciosos, quero embalar-te nos meus braços, quero que não vejas este mundo cruel que só nos suja a alma. Quero-te só, sereno como és, apaixonada como estou, felizes como deviamos sempre ser.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Pesadelo...

Fecho os olhos, finalmente. Respiro fundo. Descanso. Aguardo o sono, que me fez tropeçar em mim própria todo o dia. A minha mãe aproxima-se, agarra-me, abraça-me, olha-me com compaixão. Choro, choro incessantemente, recuso-me a ouvir aquelas palavras que ela me vai dizer. Que eu sei quais são, as palavras que temo todos os dias. Que já não vives. Foram atacados, diz-me ela, como se isso te trouxesse de volta. E quero tanto acordar, quero tanto e não consigo. E choro, e caio. E transformo-me em cinza, em pó, que não sou mais que isso sem ti. Vejo o funeral, todas as honras que já de nada servem. Mas abro os olhos, repentinamente, assustada. Grito, dizem-me que nada se passou. Estás bem, longe de tudo, mas bem. Pouso a cabeça entre as mãos, digo-me a mim própria que foi só um sonho, que estou cansada, só isso. Sinto-me a enlouquecer, e não luto mais contra a loucura, deixo-me ir, embalada. O que me enlouquece? Não é a distância meu anjo, nem a saudade, nem o amor. O que me enlouquece é precisares de mim e eu não estar a teu lado, onde é o meu lugar. O que me enlouquece é não poder dar a minha vida pela tua. O que me enlouquece é tu seres tudo em mim, e eu ter medo de morrer.