quarta-feira, novembro 01, 2006

Sentir

O que sou não sei. Não me sinto. No lugar do coração sinto ar frio, no lugar dos olhos um vazio. Não me sinto. Não vejo ninguém, não te vejo a ti. Não me sinto. Não os conheço, esses que falam comigo mas não me ouvem. Não me sinto. Não sei para onde foi o meu sangue, não sei porque respiro. Não me sinto. Não me lembro do que já li, não me lembro das terras que conheci. Não me sinto. Não sei de onde venho, não sei porquê vim e não voltei para lado nenhum. Não me sinto. Não sei o nome das estrelas que um dia um homem sábio me ensinou. Não me sinto. Não me sei guiar pelo Sol, nem pela Lua, nem pelo caminho que me apontaram. Não me sinto. Não sinto o metal frio e escuro encostado a minha pele. Não me sinto. Não sei o meu nome, nem que corpo é este. Não me sinto. Não sei distinguir o doce e o amargo, nem de qual gosto. Não me sinto. Não sei se já voei, se já tive asas, se já caí do céu. Não me sinto. Sinto uma àgua negra que me limpa a pele que queima sem saber porquê. Sinto-te só. Só a ti, meu amor. A mim? A mim não me sinto. Já não me sinto porque dói.

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